Autismo e Mercado de Trabalho - Incluir é preciso!

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Autismo e Mercado de Trabalho - Incluir é preciso!

Um olhar sobre o Profissional no Espectro Autista

Nos dias atuais, se faz necessária a discussão da inclusão do tema no ambiente corporativo de maneira ampla e especial, considerando a neurodiversidade.

A verdade é que há alguns anos, falar sobre autismo no mercado de trabalho possivelmente seria encarado como um tabu. A falta de informação somada ao preconceito, levaria os empregadores a acreditar que pessoas no TEA – Transtorno do Espectro Autista, não teriam capacidade de realizar as mais simples tarefas ou ainda se relacionar favoravelmente no ambiente corporativo.

De acordo com relatório do CDC (Centers Of Diseases Control and Prevention) órgão dos EUA publicado em março de 2.023, concluiu-se que 1 em cada 36 crianças aos 8 anos de idade é diagnosticada com TEA, o que leva a um número próximo de 6 milhões de autistas no Brasil.

Assim como a tecnologia vem revolucionando as formas de organização das empresas, de forma concomitante elas também estão se adequando às necessidades atuais de mais diversidade e inclusão e com isso espaço para mais pessoas com TEA.

Em estudo recente publicado pelo Diário PCD, trás que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que cerca de 85% das pessoas com autismo, permanecem fora do mercado de trabalho.

Ressalte-se que pessoas com autismo só passaram a ser amparadas legalmente no tocante inclusão no mercado de trabalho, a partir de 2012 através da Lei n° 12.764 (Lei de Cotas que determina a participação mínima de qualquer pessoa portadora de deficiência), informalmente conhecida como Lei Berenice Piana que recebeu este nome em homenagem a mãe de um filho autista e defensora dos direitos das pessoas com TEA, garantindo inclusão e proteção aos autistas.

Falando em obstáculos, um dos principais enfrentamentos é a falta de compreensão e sensibilidade por parte de empregadores e colegas de trabalho, em relação às necessidades e habilidades dos autistas. Infelizmente, ainda hoje é comum a falta de conhecimentos básicos sobre TEA, o que dificulta a integração dessas pessoas no ambiente de trabalho.

As empresas têm um papel importantíssimo e crucial no que diz respeito à inclusão, implementando políticas de recrutamento inclusivas, treinamentos adequados para o time e a criação de ambientes que valorizem a diversidade e acessibilidade, considere a neurodiversidade e o respeito às diferenças.

Assim como na inclusão do profissional com deficiência auditiva se faz necessário o conhecimento em libras, na inclusão do profissional com deficiência visual o conhecimento em braile, na inclusão de profissionais autistas é importantíssimo os conhecimentos básicos em manobras de conforto estrutural, contenção de possíveis gatilhos para crises de hipersensibilidade e/ou desorganização sensorial, uma vez que a estrutura empresarial e seu meio de comunicação podem representar um desafio à estas Pessoas sem as devidas adequações. Ambientes ruidosos, com iluminação intensa e a falta de comunicação não verbal, podem dificultar ainda mais a adaptação delas.

Há contrapartida, na contratação de profissionais autistas; eles trazem uma série de benefícios às empresas:

Criativos e Inovadores

Elas tendem a ser criativas, e por ter uma forma única de pensar e abordar problemas, trazem soluções inovadoras e criativas aos desafios corporativos aprimorando processos já existentes.

Habilidades Técnicas

Muitos autistas possuem altas habilidades em áreas técnicas como matemática, ciências da computação, análise de dados e idiomas.

Atentos aos detalhes

Autistas tendem a ser excepcionalmente detalhistas, o que pode ser muito valorizado em funções que necessitem de precisão e minúcia, como auditorias, análise de dados ou controle de qualidade.

Foco e Concentração

Estes profissionais possuem hiperfoco em temas diversos, o que resulta em maior concentração e afinco nas tarefas.

Metódicos e dispostos a rotinas

Autistas são regrados a rotinas diárias e repetitivas. Tarefas que demandem repetição, métodos e organização, serão realizadas com precisão e satisfação por estes profissionais.

Estudos demonstram que a neurodiversidade têm se mostrado benéfica para o ambiente de trabalho, indicando que equipes neurodivergentes podem superar as equipes homogêneas em termos de rentabilidade.

Essa conduta do apoio à diversidade traz novas perspectivas e inovações, que podem enriquecer a cultura corporativa e impulsionar a visibilidade e o sucesso empresarial.

A inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho precisa deixar de ser mero cumprimento legal, mas um imperativo moral e estratégico que beneficia a todos promovendo uma cultura mais inclusiva e com diversidade no meio empresarial.

“ A inclusão acontece, quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades” - Paulo Freire.

Viviane Andrade S. Silva
Controladoria Fiscal da ASPR
E mãe de autista

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